Muita gente deve pensar no aprendizado de um idioma como um processo puramente mecânico, que envolve a memorização e repetição de vocabulário, fazer exercícios laboriosos e o comparecimento a aulas que podem ser, com muita sorte, um lugar divertido e um alívio do cotidiano puxado. O problema é que, para alguns, nem elas escapam de serem sugadas pelo monstro chamado rotina. Devo dizer que, desta forma, nem a mais prazerosa das atividades sobrevive.
Bem, estou aqui para dizer-lhes que nada disso precisa acontecer. Digo, nada disso precisa acontecer com essa visão enfadonha.
Eu, por minha vez, adoro aprender idiomas. Não posso dizer ser bem sucedido em falar nada além do inglês, mas de uma coisa ninguém pode me acusar: de não tentar. Já diverti-me com vários cursos: de francês, italiano, espanhol, mandarim e até esperanto. Atualmente estudo em dois cursos de japonês, para você ter uma ideia. E acredite quando falo que, até mesmo nas aulas de uma língua artificial eu pude encontrar uma cultura que girava em torno dela e a moldava para se tornar aquilo que chegava a nós, aprendentes, através da visão de mundo do professor que nos guiava. Ora, se um idioma que não tem fronteiras nem nativos era capaz de me levar cultura, imaginem entrar em contato com os que tinham pátria.
Aprender francês não é apenas aprender e repetir aquelas palavras acentuando o biquinho e pensando no dia em que seria capaz de pedir um croissant numa cafeteria perto da Torre Eiffel. Aprender francês é adentrar num mundo diferente do nosso, cheio de pormenores, cheio de regras de conduta, de crenças, de maneirismos e todo um mundo de coisas invisíveis que permeiam e dão forma ao que se ouve hoje como língua. Tudo conta, tudo vale como ensinamento. A forma como pensam, como agem. Nada pode ser ignorado, pois a maneira como se dirigem aos mais velhos ou aos estrangeiros provavelmente ditou o aparecimento de palavras e expressões que hoje são utilizadas e que, talvez, não entendamos o porquê.
E quando falamos de países e culturas tão estranhos quanto os orientais, somente vivendo como eles para entendermos como funcionam. Talvez nunca entendamos o que faz um inglês ou espanhol povos tão diferentes, mas a graça está em tentar, em se deixar imergir naquilo que os abraça todos os dias, no cotidiano que os leva a serem o que são.
É aí que está a magia em se aprender uma nova língua, em conhecer mundos que se escondem além dos nossos olhos, que zumbem longe de nossos ouvidos e que são estranhos ao toque. E ser capaz de torná-los parte de nós requer, principalmente, duas coisas bem SIMPLE: os sentidos atentos e a mente aberta. O resto… bem, o resto virá como bônus que você mal notará pois estará maravilhado com o novo mundo que o cerca.
Renato Gondim
Simple School Fortaleza, Brasil.